Globetrotter by Harold Emert

Criador: CAIO GALLUCCI 
Direitos autorais: CAIO GALLUCCI

Uma das mais intrigantes “comédias” (?) que este frequentador de teatro já experimentou está em cartaz no Rio de Janeiro até 30 de julho, depois de uma longa turnê que a levou de São Paulo a Portugal, aos Estados Unidos e de volta ao Brasil.

“Baixa Terapia”, do dramaturgo argentino Matias Del Federico, 42, e dirigido por Marco Antonio Pamio, 61 (ex-aluno do Drama Studio), tem fragrâncias de “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, de Edward Albee, João Bethencourt (a resposta brasileira a Moliere e ao americano Neil Simon) e ainda cenas do seriado brasileiro “Sai do Baixo” (ou do falecido e popular comediante brasileiro Chico Anysio.

Intrigante foi a iniciativa do astro brasileiro Antonio Fagundes, que interpreta o cínico e grosseiro Ariel na comédia, de permitir que o público, após o espetáculo, discutisse com os atores suas perguntas sobre o psicodrama.

Três casais que nunca se viram antes entram no consultório de um psicólogo para o que esperam ser uma terapia, mas descobrem que a psiquiatra não está presente.

Mas ela deixou café, água e uísque e seis envelopes com instruções específicas para todos, incluindo o casal mais velho, Ariel (Fagundes) e Paula (Mara Carvalho), a problemática Andrea (Ilana Kaplan) e seu marido dominador Roberto (Fabio Esposito), bem como o jovem casal solteiro Estevão (Guilherme Magon) e Tamara (Alexandra Martins).

As perguntas de cada envelope envolvem problemas comuns cujas tentativas de resposta do sexteto resultam em risadas, discussões acaloradas, choro, desespero e até quase brigas.

Os assuntos discutidos incluem casamento, adultério e, por último, mas não menos importante, machismo e abuso sexual.

Com um final surpreendente, que o psiquiatra ausente tentou alcançar em seus pacientes.

Como observa um astuto crítico brasileiro, Henrique de Moraes, “a comédia nunca brinca. É sempre mais séria do que parece e tem uma crítica oculta entre os risos e sorrisos do público”.

A peça atraiu 350.000 espectadores durante os três anos em que esteve em cartaz em São Paulo e, devido à sua popularidade e ao carisma de Fagundes, que já foi ator de novelas de TV, estendeu sua exibição no Rio de Janeiro do final de março até o final de julho.

É duvidoso que todas as sessões da peça – como todas as sessões de psicanálise – sejam iguais, pois há obviamente “caoetes” – ou piadas improvisadas fora do roteiro escrito – que os atores incluem.

E talvez essa possibilidade de flexibilidade tenha sido um dos incentivos que fez com que o mesmo elenco – menos o filho de Fagundes, Bruno – permanecesse junto no palco desde sua temporada de três anos em São Paulo, resultando em uma experiência teatral de grande sucesso.

Recomendado para assistir, mas com um olhar crítico e ouvidos atentos!

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