Globetrotter by Harold Emert

Uma semana antes de a Material Gal, Madonna e os seus cerca de 1,5 milhões de fãs invadirem as praias de Copacabana, o teatro do icónico Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, recebe uma série de jovens pianistas virtuosos.
Na noite de sexta-feira (26 de abril), Can Sarac, de 16 anos, surpreendeu o público local com uma técnica impecável, que apresentou a “Sonata em Si” menor de Franz Liszt, “Seis Peças para Piano” mais “Dois Intermezzi” de Johannes Brahms e as Baladas 1 a 4 de Chopin.
Dois encores, incluindo uma obra contemporânea impressionante em que o prodígio turco tocou as cordas dentro do piano YAMAHA, concluíram um recital incrível para um pianista que iniciou os seus estudos aos cinco anos de idade e estudou no Conservatório de Música de Istambul antes de continuar os seus estudos na Hochschule fur Musik em Munique.
A questão é saber para onde vai este grande talento e pianista premiado: uma grande carreira internacional ou os confinamentos da profissão de professor ou ambos, algures no mundo, entre inúmeros “grandes” pianistas.
O Rio de Janeiro e o Brasil, outrora chamados de Pianolândia, têm uma grande tradição de pianistas, de Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Artur Moreira Lima, Jacques Klein, João Assis Brasil a Magda Klein, João Ortiz a Guiomar Novaes.
Portanto, há de facto um público para recitais de piano neste país onde Chopin e Rachmaninoff parecem ser mais tocados do que Villa Lobos e Francisco Mignone!
O público quase lotado não era do tipo que se encontra na Sala Cecília Mereiles e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, mas mais do mundo social carioca, especialmente notável pelos vestidos fashionistas e pelos cliques de um fotógrafo presente, em vez dos trajes sombrios que se encontram na maioria dos concertos de música “erudita” locais.
A série notável continua na quinta-feira, 2 de maio, às 20hs, com recitais de piano do italiano Massimiliano Grotto, 27, tocando Schubert, Mozart e Beethoven.
E um dia antes da apresentação da Material Gal em Copa, na sexta-feira, 3 de maio, o russo Dimitry Shishkin, 32, interpreta Cesar Franck, Schubert, Mozart e Prokofiev.
Os preços dos ingressos variam de 50 a 300 reais e, considerando que o centro da cidade do Rio de Janeiro à noite pode ser perigoso, vale a pena visitar o teatro do Copacabana Palace para ouvir “boa” música.
Os quatro recitais de piano, que começaram na quinta-feira, 25 de abril, com um concerto (Rameau, Mozart, Debussy, Liszt, Scriabin e Tchaikovsky) do pianista croata Jan Nikovichrec, 23 anos, são patrocinados pela Casa da Cultura Russa GES-2 em Moscovo.
Tomara que o Teatro Copacabana Palace – que reabriu em 2023 depois de 28 anos fechado – continue a receber concertos de “grande” música em um bairro que já teve uma infinidade de atividades culturais, mas que hoje carece de teatros, cinemas e locais para uma “boa” música que não seja o som da Madonna.

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