Globetrotter by Harold Emert

Minha conclusão sobre a vida nesta idade avançada é que as coisas andam em ciclos apenas com variações ou “não há nada de novo sob o sol”.
E foi isso que pensei na noite de quinta-feira, quando assisti à noite de abertura do que já foi o meu e de outros (que moram em Copacabana, Rio de Janeiro) amado Cinema Roxy (pandemia de covid-1938-+2021), que agora se tornou o Roxy Dinner Show.
Enquanto um holofote brilhava nos céus e os espectadores na calçada aguardavam a entrada de possíveis estrelas do entretenimento, o evento foi de fato um acontecimento.
Entre as celebridades convidadas estavam Ricardo Amaral, 83 anos, que já foi considerado o “Rei da Noite”, devido à sua criação de casas noturnas e “discotecas” frequentadas pelos ricos e famosos.
Havia também Ancelmo Gois,76 uma raça em extinção de colunistas sociais famosos do jornal O Globo do Rio, Belo (Marcelo Pires Vieira),50, cantor de pagode e tocador de cavaquinho (o equivalente brasileiro do banjo) e até mesmo – entre outros – um membro do clero do Rio de Janeiro, o arcebispo local do Rio.
A mídia local informou que a atriz Betty Faria e o ex-Ministro da Cultura do Brasil, o cantor e compositor Gilberto Gil, também estavam lá, mas devem ter chegado atrasados, à maneira carioca, porque embora este observador tenha entrado às 19h para essa noite “histórica” (com uma multidão perguntando se aquele americano de óculos é famoso?), o show só começou às 22h40/22h40 (ou quando minha paciência acabou).
Mas voltando à minha conclusão sobre ciclos na vida, durante anos o Golden Room, inaugurado em 1938 no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, foi o palco de personalidades como Nat King Cole, Yves Montand, Marlene Dietrich e Sammy Davis Junior. Para a minha geração, todos foram grandes nomes do chamado show business, mas em nossa época atual de rap, etc., esses nomes provavelmente são desconhecidos para a geração mais jovem.
E nos chamados “bons velhos tempos” de outrora (antes das ondas de criminalidade no Brasil), Copacabana e o Rio de Janeiro eram conhecidos por sua intensa vida noturna, como tão bem descrito pelo brilhante jornalista brasileiro, biógrafo e membro da Academia Literária Ruy Castro em “A Noite do Meu Bem”.
Os espetáculos, os jantares atraíam maridos notadamente locais em uma noitada com suas amantes, segundo Castro, e a dança face a face até altas horas da madrugada.
Será que esses dias estão voltando a Copacabana após a abertura do show do Roxy Diner?
Em meio a uma rodada de entrevistas nos corredores próximos aos pisos de mármore de rocha do renovado palácio interno do dinner show, este observador conseguiu encurralar o criador da ideia de transformar nossa querida casa de cinema Roxy em um local de shows, Alexandre Accioly,62.
Enquanto uma loira alta e escultural (que se revelou ser a esposa de Accioly) posava em várias posições fotogênicas para as luzes brilhantes dos paparazzi locais, Accioly me disse que “Não, o Roxy Dinner Show não seria um sucessor de outro local de espetáculos amado, o Canecão, que recebia o melhor do entretenimento brasileiro, mas simplesmente um local de espetáculos para turistas”.
No passado, Accioly também disse que o Roxy Dinner Show seria “o equivalente no Rio ao Moulin Rouge de Paris”.
Sorrindo e pegando meu cartão de visita, Accioly me deu o tradicional cumprimento/despedida carioca “Aquele abraço”.
PS: O milionário Accioly é o empresário dono de uma das empresas mais bem-sucedidas do Rio de Janeiro, a Bodytech (piscina, academia de ginástica etc.) que, por coincidência, fica bem perto do Roxy Dinner Show.
Vídeo: cortesia de Diana Kinch

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