Coincidência ou destino?

Quando pegamos um táxi aqui em Copacabana a caminho do oásis local de boa música pop e jazz, o Blue Note, não precisei pedir ao motorista para abaixar o som do rap horrível ou do loop de bateria repetitivo chamado de “música” que ouvimos hoje em dia na maioria dos táxis.

Pois nosso motorista estava tocando em seu aparelho de trilha sonora o saxofonista John Coltrane e outras grandes estrelas afro-americanas da herança do jazz americano!

Portanto, apesar de todo o barulho chamado “música” nos dias de hoje, ainda há um público para a “boa” música!

A atração oficial da noite de quinta-feira (16 de janeiro de 2025) foi a cantora carioca Carol Saboya, que estava lançando seu 14º álbum, comemorando seus 25 anos de carreira musical.

Chamado “Another Tone” (Outro tom), o show da cantora e pianista contou com composições de seu pai, Antonio Adolfo, 77 anos, que por acaso era o “idoso” careca sentado ao meu lado na mesa da primeira fila e se sentou atrás do teclado quando sua filha estava tocando e cantando.

Filho de um violinista da orquestra do Teatro Municipal do Rio, o nome de Adolfo é mais conhecido como educador devido ao seu Centro Musical Antonio Adolfo, que atualmente tem três alas em Botafogo, Leblon e Barra da Tijuca.

No entanto, para nossos ouvidos envelhecidos – apesar de estar comemorando 60 anos de carreira – Adolfo era o músico mais jovem no palco, um virtuoso pianista de bossa nova e jazz, que já acompanhou Elis Regina, entre outros.

O “show” de Carole se assemelhava ao equivalente à família Trapp (“Sound of Music”) do Rio de Janeiro, com suas duas filhas, Amanda e Joana, na linha de frente como seu coro pop quando o eminente pai de Carole não a substituía no teclado.

Seu apoio musical incluía Guto Wirtti, no baixo, Gabriel Quinto, guitarrista virtuoso, e Renato Massa, na bateria.

No primeiro andar da casa noturna – onde um amante do jazz paga apenas pelo que bebe e come (em vez dos 150 reais cobrados pelo show no segundo andar) – o talento do pianista de jazz Adaury Mothe, 47 anos, é exibido de quinta a domingo.

“Adaury é um maravilhoso pianista de uma nova geração”, escreve corretamente o veterano pianista Gilson Peranzzetta no CD ‘Dois Amigo’ de Mothe.

Esperamos que os produtores da Blue Note acabem dando a Mothe a chance de realizar sua própria apresentação com um trio ou quarteto no segundo andar, reservado para as estrelas veteranas.