
Será que alguém da geração mais jovem ouve rádio hoje em dia?
Essa é a minha pergunta quase 48 horas depois de participar de mais um programa na “Sala do Concerto” da Rádio MEC Fm do Rio de Janeiro na última sexta-feira, exatamente às 17 horas, terminando exatamente às 18 horas.
Para os músicos e não músicos que nunca fizeram uma transmissão de rádio, essa “relíquia” do passado é um trabalho árduo que exige uma preparação minúscula para não ultrapassar os limites exatos de tempo, muita prática para não cometer erros em uma transmissão ao vivo que é gravada para os arquivos de sempre e nervos de aço.
Meus dias no rádio começaram em minha cidade natal, Nova York, atuando na estação de rádio metropolitana WNYC e ouvindo a estação de música clássica WQXR, reconhecida internacionalmente.
Meu primeiro emprego em tempo integral como oboísta “clássico” e corne inglês foi na South African Broadcasting Orchestra, em Joanesburgo, e na Alemanha, na orquestra da Rádio Saarbrucken,
Para dizer o mínimo, tocar/gravar em uma orquestra de rádio todas as manhãs, especialmente com os ouvidos de raio X dos “meisters” ou técnicos de rádio alemães, não é fácil, especialmente nas manhãs ou tardes em que não nos sentimos bem ou com vontade de tocar a trompa.
Meus dias de rádio no Rio de Janeiro remontam ao programa Concert Hall, nas tardes de sexta-feira, com uma audiência ao vivo do falecido e amado Lauro Gomes, que fazia o trabalho no rádio parecer fácil!
Nos bons/maus tempos do rádio (antes dos computadores), não só no Brasil, mas também nos EUA, as rádios locais tinham orquestras sinfônicas (a NBC com o grande Toscanini em Nova York) ou dance bands que incluíam grandes nomes como os clarinetistas Benny Goodman e Artie Shaw em Nova York e, aqui no Rio, grandes arranjadores-compositores como Radames Gnattali, Tom Jobim, Maestro Alceu Bocchino e, é claro, o crème de la crème dos melhores músicos do Brasil.
Mas, na transmissão da última sexta-feira, às 17h, da Camerata Musica Viva (como batizei nosso grupo), nosso conjunto único incluía a pianista Aleida Schweitzer, o oboísta flugelhornista e tocador de berrante Leo Fuks, os percussionistas brasileiros Péricles Monteiro e Vania Santa Roza e a atriz-narradora Phylis Huber.
Com um roteiro de autoria de Adriana Ribeiro, da Rádio Mec, e a voz de ouro de Toni Villani, a Camerata Musica Viva foi ao ar exatamente às 17 horas de sexta-feira, 28 de março de 2025, com o que muitos chamaram de um programa “diferente” ou único de música brasileira, incluindo meu híbrido “Três Sonhos Nordestinos”.
Não apenas os gênios de Tom Jobim, Guerra Peixe Villani-Cortes e Antônio Guerreiro foram apresentados, mas as novas composicoes de Eduardo Camenietzki e Ricardo Szpilman foram incluídas, bem como um berrante, usado no Brasil para reunir o gado.
(Para estes olhos e ouvidos, o berrante se assemelha a um shofar de tamanho grande usado para comemorar o Ano Novo judaico).
Todos se divertiram muito e esperamos que alguém da Rádio MEC-FM tenha gostado do nosso programa.
Obrigado, Rádio MEC-FM, …
E, por favor, lembrem-se de que todas as sextas-feiras, às 17hs, na Rádio Mec-FM (98,9mhZ), a Sala de Concerto apresenta outros grupos musicais de todo o Brasil.
E se ninguém estava ouvindo o nosso programa, ele será arquivado para audição futura ou colocado no meu canal do Youtube quando estiver pronto.
Que interessante essa matéria que acabei de ler, até compartilhei no meu Facebook. hiper cap litoral