
Localizado no estado do Rio de Janeiro, o “Vale do Café” tem mais
do que grãos de café, mas uma cultura rica e colorida, incluindo clínicas de cura voltadas para a natureza, um festival anual de música, uma variedade de produtos alimentícios saudáveis e uma mini versão zoológica da Disneylândia, entre outras atrações para oferecer aos visitantes.

Estima-se que existam 53 fazendas na região, onde não só se produz café, mas também a resposta brasileira à tequila, a cachaça, além de queijos, ervas medicinais e inúmeros outros produtos.
O vale abrange quinze municípios, com destaque para Miguel Pereira, Vassouras, Paty do Alferes e Conservatória (a cidade das serenatas musicais), preservando e imortalizando — nesta era da Inteligência Artificial — o passado colorido do Brasil.
Como resultado da tendência da região de preservar as melhores tradições do passado, igrejas, museus e até mesmo padarias, todos à sombra da cultura cafeeira circundante, estão sendo renovados.

Os habitantes da região incluem descendentes da história imperial do Brasil, sua família real, bem como fazendeiros, descendentes de escravos africanos importados e jovens empreendedores, incluindo donos de restaurantes e outros comerciantes que promovem os alimentos saudáveis de hoje.
Muitos moradores do Vale do Café ainda voltam ao Rio de Janeiro todas as semanas, mas outros são novos colonos que fogem das grandes cidades em busca de uma vida mais tranquila e de qualidade.

E apesar do facto de, no século XIX, o Brasil ter-se libertado de dois imperadores (benignos), outro «aspirante a imperador americano» — como o chama o presidente brasileiro Lula da Silva —, o presidente Donald Trump, com o seu lema «Make America Great», desafia agora o Vale do Café com a sua tarifa exorbitante de 50%, que deverá entrar em vigor a 1 de agosto.
Será que o Vale do Café — que exporta 60% da sua produção — sofrerá uma crise económica que afetará tudo, desde o seu festival anual de música liderado pela renomada harpista brasileira Cristina Braga até os proprietários locais de plantações de café?

«Crise? Não, vejo a tarifa de Trump como um desafio para diversificar o mercado das exportações brasileiras», insiste o herdeiro da família real brasileira, o príncipe Dom Alberto de Orleans e Bragança, residente local.
E o proprietário da plantação Thiago não acredita que será afetado, porque só vendemos para o Brasil.
No entanto, devido ao imposto previsto sobre as exportações brasileiras de café, os preços do café estão a cair no Brasil com o aumento das vendas nacionais e o receio de que o lucrativo mercado dos EUA seja cortado.

Mas voltando aos prazeres do Vale do Café, aqui estão alguns dos destaques da recente visita de dois dias deste observador:
(1) Fazendas Aliança Barra do Piraí, Durini e Fazenda Zira, Vassouras — fazendas em estilo imperial-colonial (a Aliança pertencia à família real do primeiro imperador do Brasil, Dom João VI de Portugal), conhecidas por sua produção orgânica e biodiversidade, bem como pela produção de café. Durante os vinte festivais de música Vale do Café concerto
(2) Casa do Lago (Lake House) Emporio e Bistro Vasseur’s — um restaurante em estilo rústico em frente a um lago artificial, mas encantador, onde a jovem e empreendedora Raquel Porto serve seu próprio estilo de cozinha nouveau. Advogada que buscou um novo caminho na vida, Raquel se orgulha não apenas de seu encantador restaurante bistrô (estilo francês), mas também dos vinhedos que cultiva, uma novidade promissora para Vassouras.
(3) Museu de Vassouras — no centro da cidade, em frente à encantadora igreja de estilo colonial, onde foi realizado um concerto com o guitarrista brasileiro e os jovens instrumentistas do Vale do Café, como parte do 20º Festival de Música do Vale do Café. Por iniciativa do empresário local Ronaldo Cezar Coelho, do Instituto Cultural de Vassoura, o museu, que data de 1853 e era originalmente um hospital, está sendo completamente reformado, mas sem abandonar seu estilo colonial original. O objetivo do museu é relembrar a história (1830-1880) da era de ouro do Círculo do Café, como era conhecido na época, com ênfase nas origens afro-brasileiras.
(4) Rancho Quindins, Paty do Alferes — Enquanto observava crianças e adultos que se recusam a envelhecer alimentando cabras e observando alegremente outros animais selvagens (não em gaiolas) e pedalinhos, eu só conseguia me perguntar por que ir à Disneylândia quando existe o rancho, sem precisar gastar com passagens aéreas para viajar para o exterior?
5) Cristina Braga – “Jardim Musical”. A brilhante e enérgica (ela nunca para!) harpista brasileira Cristina Braga, fundadora dos Festivais Anuais de Música do Vale do Café, chama oficialmente seu jardim de “Jardim Ecológico Uana Ete”, mas eu o comparo ao “Jardim do Paraíso” do compositor britânico Frederich Deliuses, a música que ouvi em meu ouvido interno enquanto minhas pernas envelhecidas subiam as colinas, não do Sound of Music de Salzburgo, mas do Sun Garden de Cristina e Ricardo Medeiro, com gongos, conchas, cactos e materiais reciclados.
Mas há muito mais no Vale do Café e, com sorte, apesar do imposto de 50% do aspirante a imperador ou Trump, ele tem um futuro brilhante.
